A sinceridade é tão apreciada quanto a carne
Eu quero comer um boi inteiro
Apreciar o adocicado do vermelho temperado
Ver o sangue escorrer goela abaixo
A carne sangra
A sinceridade também pode
Mesmo assim eu quero uma bisteca
Não tenho medo de cobra, nem punhal
Eu quero picanha, fraldinha, coisa e tal
Tira o couro, corta a parte, frita ou assa
E me trás um prato bem farto
Que já to farto de esperar
Eu quero carne, quero boi, quero búfalo
E hoje tem, eu sei, hoje tem
Pernil pro jantar, mocotó e rabada pra acompanhar
Tem miúdo de porco, galopé e costela
Eu sei que de tanto comer posso envermelhar
E ferida aberta é difícil cicatrizar
Mas cicatriza e a gente aprende a não mais se fartar
E a gente aprende a comer sem se intoxicar
Aprende a ver, ouvir e analisar
Ao invés de engolir sem ao menos tocar, pensar e cheirar
Eu que não sou vegetariano quero agora
Me trás um prato, uma tigela, uma bacia
Que hoje eu quero me fartar
E se sangrar é porque era pra ser assim
Nem todo dia dá pra comer só pudim.
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