sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sinceridade

* Vou começar a postar coisas antigas. Esse foi escrito em 03/03/2008.

A sinceridade é tão apreciada quanto a carne

Eu quero comer um boi inteiro

Apreciar o adocicado do vermelho temperado

Ver o sangue escorrer goela abaixo

A carne sangra

A sinceridade também pode

Mesmo assim eu quero uma bisteca

Não tenho medo de cobra, nem punhal

Eu quero picanha, fraldinha, coisa e tal

Tira o couro, corta a parte, frita ou assa

E me trás um prato bem farto

Que já to farto de esperar

Eu quero carne, quero boi, quero búfalo

E hoje tem, eu sei, hoje tem

Pernil pro jantar, mocotó e rabada pra acompanhar

Tem miúdo de porco, galopé e costela

Eu sei que de tanto comer posso envermelhar

E ferida aberta é difícil cicatrizar

Mas cicatriza e a gente aprende a não mais se fartar

E a gente aprende a comer sem se intoxicar

Aprende a ver, ouvir e analisar

Ao invés de engolir sem ao menos tocar, pensar e cheirar

Eu que não sou vegetariano quero agora

Me trás um prato, uma tigela, uma bacia

Que hoje eu quero me fartar

E se sangrar é porque era pra ser assim

Nem todo dia dá pra comer só pudim.


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