segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O simples me sorri confuso

O simples me sorri confuso
eu fujo
e complico tudo
como num susto
tudo dispara, grita
e a vida feito água
turva fica e pára

E chove agora
dentro do ser que ri
lá fora
dorme consigo um tempo
clownesco que só
de alegrias vive
é de dar dó
em sol maior

Soa um som secreto
dizendo que está certo
decerto que sim
espeto o dedo, mas não
não adormeço
encaro então o lobo
que me devora e fim

Se a literatura é vã
vamos embora daqui
quero fugir, ficar, ouvir
se pudesse eu mesmo me parir
o faria
só pra eu mesmo ser
o filho da puta de mim

Lutar enfim me resta
mas nem sou espadachim
mosqueteiro talvez
daqueles com raquete nas mãos
desilusão, razão, ilusão
tudo tão distante
pareço um infante

E me escorre a garganta
meu mel verdadeiro
tiro certeiro, colméia
favos de sol, luz
condiz, conduz, hindus
sábios sois mestres orientais
quero mais saber
me dê a fórmula
de toda essa besteira
que me deixa petrificado
mudo, sério e calado.

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