segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Vida pós semi

O sangue brotava
coisa nojenta
tosca
suja
porca
e se torcia a lança
em seu peito
em seu leito
em sua ilusão
despedaçada
dos sonhos
maltratados
mal cuidados
mal sonhados
mal dados
deu sorte
de nada
acordar no alto
querer voltar
voar
ventilar o corpo
não pode
é morte
morrida
matada
sentida
e agora
só alegria
festa
clarão
do peso da Terra
da escuridão da noite
só a lembrança
agora é sol
luz
lumiar
iluminado
há de ficar
estou aqui
a trabalhar
mas às vezes não
sou homem
imperfeito
teimoso
pidão
chorão
meu corpo pesa
sou limitado
não atravesso o chão
não vôo
não me teletransporto
que querer então?
sou humano
homem de carne
pecador
pacaminoso
cristão
ou não
de nada
Dánate
obrigado
pela jornada
que pesa
mas levita
e percebo
que passa
logo passa
sou alado
e vou
logo
flutuar

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